De acordo com o que Fayga Ostrower defende em seu livro “Criatividade e Processo de Criação”, a arte de criar é a habilidade de relacionar/ordenar/significar.
A partir disso, podemos buscar dispositivos internos que facilitem nossa criatividade.
Vou dividir com vocês o que aprendi com as minhas pesquisas.
Nossa habilidade de criar está a todo vapor 24 horas por dia. Ela está na nossa aptidão em resolver problemas, decidir, nos expressar...
Buscar soluções necessita da nossa capacidade de criar hipóteses.
Escrever, falar, nos expressar, necessitam da nossa capacidade em relacionar o símbolo com significado, para que linguagem se dê com sucesso transmitindo nossos pensamentos.
Tudo começa com a nossa sensibilidade. Todos os estímulos produzem sensações e as sensações produzem as percepções.
As percepções ligam os fenômenos a nós mesmos em busca de algum significado. A partir dessa busca, encontramos a necessidade de criar, comunicando aos outros seres humanos o sentido das formas ordenadas.
Assim, entendemos que o homem é um sujeito criador.
Intuição:
Consciência, sensibilidade e cultura se comunicam e orientam nossa intuição.
O processo de criação obedece a nossa habilidade de intuir. O ser humano vai aprendendo a antecipar situações mentalmente de acordo com que aumenta seu grau de autoconhecimento, antevendo problemas e soluções, interligando hipóteses que dirigem nosso agir físico.
Cultura e Sociedade:
Todos nós nascemos em um mundo cultural. Nosso berço é banhado por tradições. Convivendo, observando e absorvendo esses legados, nossa sensibilidade e nossa consciência vão sendo guiadas e vamos aprendendo a imaginar.
Criar é um processo introspectivo, ou seja, solitário. Porém, a convivência em sociedade é nossa matéria prima para exercitarmos essa habilidade.
A sensibilidade depende do autoconhecimento, mas só conhecemos a nós mesmos quando somos colocados em diversas situações que exigem nossa interação com o mundo. Ela é convertida em criatividade quando liga-se em alguma atividade social significativa.
Afetividade:
A associação entre sentimentos íntimos (tristeza, medo, alegria...) e experiências anteriores guiam nossa busca pelo sentido das coisas. Geramos hipóteses e nos transportamos para o mundo da imaginação quando precisamos buscar na memória o contexto dos fatos, ou seja, cada vez que relembramos, criamos novas situações e é a afetividade que fica responsável por esse mecanismo.
Falar:
Lev Vygotsky já defendia a ideia de que a linguagem é a ponte do homem com o mundo. Para o sócio-interacionista, o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos necessita da interação com o meio em que está inserido, absorvendo e modificando a cultura.
É através da linguagem que construímos nosso pensamento, já que, antes de utilizá-la com o meio social, a utilizamos intimamente. Para ele, a linguagem verbal auxilia nossa organização da realidade.
Mesmo no período sensório-motor, a criança já faz uso da linguagem. O riso e choro, por exemplo, servem de comunicação com o meio social.
Após essa etapa, por volta dos 2 anos, o pensamento torna-se verbal e usamos as palavras para representá-lo.
Nossos discursos são carregados de valores que representam nossa consciência, ou seja, as palavras traduzem o conhecimento que acumulamos do mundo.
Quando nomeamos as coisas, precisamos evocar seus significados. Precisamos buscar quais são as ideias que as palavras simbolizam, comunicando-as com nossos sentimentos, isto é, com a nossa consciência.
Assim, podemos afirmar que os seres humanos transferem sua consciência para o universo físico através da arte, linguagem, religião e cultura, da mesma forma que necessita converter esse universo físico em um universo simbólico que constitui sua consciência.
Desta forma, o refinamento da sua habilidade de criar se dá de acordo com que adquirimos o autoconhecimento, com nossa interação com o mundo e com a cultura.
O potencial criador está intrínseco em todos nós. Se existimos, criamos. Mas é preciso exercitar nossa sensibilidade e nossa percepção através de mecanismos sociais para que possamos usar nossa criatividade não apenas em situações do cotidiano, mas também para convertermos universo físico em universo simbólico, ou universo simbólico em universo físico.
Concluindo:
Sensibilidade, Percepção e a sociedade são os disparadores do nosso potencial criativo.
Fica a dica para todos os artistas.
E os bloqueios criativos?
Alguém acredita já ter vivido isso?
Sabia que eles acontecem por causa de uma tensão psíquica?
Vamos falar sobre isso em outro papo.
Até a próxima!
Beijos Coloridos da Pit!
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