quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Entrevista com o autor Alexandre de Jesus

Meu nome é Alexandre de Jesus. Tenho 37 anos e escrevo desde a infância. 
Gosto de todos os gêneros literários e sempre li de tudo um pouco. 
Nessa minha vida de relação com as letras, já escrevi quatro livros de poesia: 
Jeito Facílimo, Razão do Flagelo, Sob e Sobre a Terra e A Morte da Poesia nos Anos 90. 
Também escrevi romances: A Verdade é Muda, Paixão com Ódio e Céu, Entre o Barro e o Cimento, e um que ainda está sendo escrito, por isso não tem título - ainda. 
Ah, também não posso esquecer de um livro de relatos íntimos em forma de crônicas ou cartas: Sentimentalmente Burro.   





Sentimentalmente Burro é um livro de “relatos” em forma de crônicas ou cartas, fruto de um trabalho de pesquisa realizado durante dois anos e meio, no qual pessoas de várias idades e vários contextos sociais foram ouvidas para compor os relatos que aí estão. Embora os fatos sejam fictícios, também não seria correto afirmar que "são baseados em fatos reais", pois o que há de real no livro são as experiências vividas pelas pessoas e por elas próprias contadas, e não as narrativas em si. E contadas de forma exclusiva à pessoa que, direta ou indiretamente, está envolvida na situação. 
Sentimentalmente Burro é uma experiência inusitada de fazer uma vasta mistura de experiências amorosas, em que o leitor assume o papel de observador, um tipo (no bom sentido) bisbilhoteiro que lê as coisas mais íntimas escritas por alguém que morreria de vergonha se outra pessoa as lesse.
 É certo que as relações ali vividas são de tal forma muito marcantes para todas as personagens, justamente porque são fortes e extremamente íntimas e verdadeiras. 


1- Qual conselho você daria a si mesmo se não se conhecesse?
Diria: ame a vida, as pessoas e a natureza muito mais do que tem amado.

2- Como seria seu dia se você acordasse criança de novo?
Passaria o dia inteiro deitado na cama com o edredom até a altura do pescoço com os olhos estatelados no teto. Sempre tive vontade de fazer isso, mas nunca fiz porque sempre pulava cedo da cama para brincar. O que, admito, é mil vezes melhor.

3- Quais são seus pequenos prazeres? Aquilo que você faz e ninguém liga, mas que te faz muito feliz?
É uma incoerência. Os meus pequenos prazeres são os maiores prazeres que existem: Estar junto, seja onde e como for, da família e dos amigos; conversar com pessoas desconhecidas, seja onde e como for. Quando faço isso, um mundo de possibilidades prazerosas sempre se abre para mim – e ninguém percebe. 

4- 3 coisas que você faz, mas não gosta.
Trabalhar, trabalhar e trabalhar.

5- 3 coisas que você poderia fazer, gostaria de fazer, mas não faz? Por quê?
1) Salvar o mundo de algo ruim: porque posso. Sempre podemos salvar o mundo de algo ruim, quer seja educando alguém ou a nós mesmos a não se tornar um perverso, quer seja retirando do ambiente uma latinha de alumínio. 
2) Viajar: posso, gosto, mas não faço. Por quê? Porque tudo tem seu tempo (sic).
3) Ficar mais tempo à toa: Posso, porque o tempo é meu e de mais ninguém; gostaria muito, entretanto, aos vaidosos, aos arrogantes, aos narcisistas assim como eu (cheios de planos e metas para o futuro segundo o qual tempo é dinheiro), ficar à toa é um luxo que não me posso dar. Pura fanfarronice! Fanfarronice pura!

6- Você prefere estar certo, ou ser feliz? Já abandonou uma discussão, mesmo sabendo que estava certo, porque estava com preguiça de continuar brigando? Como foi?
Prefiro estar certo e ser feliz. Não me lembro... quando discuto (discorro/debato um assunto) eu nunca brigo. A briga significa que a discussão, a troca de ideias e opiniões, chegou ao fim. E a partir daí surge uma situação cujo desfecho é imprevisível. Não dá para discutir e brigar ao mesmo tempo. Por isso, que toda vez quando você vir duas pessoas “brigando e discutindo” a situação será sempre patética, na qual se desperdiçam palavras e energia física de ambos os lados.

7- Você acordou dentro de um livro que você estava escrevendo. Descreva qual a primeira paisagem que vê.
Palavras... palavras... palavras.... Sou um conjunto de aflições, alumbramentos, uma porção de terra muito fértil cercada de palavras por todos os lados. Esta é a primeira paisagem. Minhas personagens são tubarões famintos a me circundar.

8- Quando você percebeu que virou adulto?
Não sei. Aliás nem sei se sou adulto. Segundo a legislação vigente, sim, sou. Mas... Meu coração nunca fala nada e continua o mesmo: entra ano e sai ano. Vai entender! 

9- Você sentiu seu coração vibrar nas últimas 3 semanas? Por quê?
Sim. Quando vi uma cobra que estava com parte do corpo esmagado, no meio do asfalto, e, quando me aproximei, armou o bote.

10- Qual foi o papo mais gostoso que você já teve nos últimos 2 meses. Do que se tratava e com quem era?
Foi com a minha vó. Ela falava que os homens do mundo estavam se acabando desde há muito. E me explicava e provava por A+B.

11- Se sua vida fosse um filme, qual filme você gostaria que fosse?
...E o Vento Levou. “Nunca mais sentirei fome! ”. Impagável.

12- Tem um desconhecido almoçando sozinho no mesmo restaurante que você. Se você perguntasse quem ele era, o que ele responderia?
Ele me responderia quem ele era, ora! Brincadeirinha... Não sei, provavelmente eu teria de respondê-lo primeiro, tipo: Por que você quer saber quem eu sou? Uma situação bem constrangedora, salvo minha imensa capacidade de dissimulação e/ou o bom humor e cordialidade do meu interlocutor.

13- Qual o melhor sabor do mundo?
São tantos, tantos... Impossível saber.

14- Qual o melhor cheiro do mundo?
Qualquer um que traga coisas boas à memória, ou... ao corpo.

15- Descreva uma característica sua que você não sabe se é sua mesmo, ou se são seus pais dentro de você. 
A esquisitice.

16- Olhe a sua volta, por que você está onde está?
Porque só aqui eu poderia estar se tivesse fazendo o que eu estou fazendo.

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