domingo, 2 de outubro de 2016

Verificação, Avaliação e Aprendizagem (Parte II)

Muito se tem falado sobre uma educação transformadora que vise o desenvolvimento pleno do indivíduo e sua capacidade de agir na sociedade com autonomia e criticidade. A necessidade de que haja uma articulação eficaz entre docentes/instituições e instituições/governo, é clara, porém, é preciso salientar os reais resultados de algumas ferramentas criadas para produzir indicadores que colaborem com o desenvolvimento de estratégias que auxiliem nesse avanço educacional do país. 

São instrumentos que avaliam o ensino de instituições de Educação Básica e de Ensino Superior e que deveriam ser recursos indispensáveis para a promoção de uma educação de qualidade. Porém, o que temos observado é que esses instrumentos vêm sendo utilizados de maneira que elevem o caráter quantitativo do caráter qualitativo do aprendizado. Assim, a educação torna-se cada dia mais mecânica e seu objetivo vem sendo cada dia mais resumido a números e notas. 
Com base no art.24 da LBD, podemos afirmar que a avaliação não deve ser utilizada como um mecanismo de seleção, mas como um instrumento que visa diagnosticar as fragilidades do processo de ensino/aprendizagem para que a comunidade escolar organize estratégicas que colaborem para o avanço do educando. 
Sobre o Projeto Pedagógico sua intenção é promover o debate e a reflexão, reunindo identidade, filosofias e estratégias para interferirem na realidade, servindo de alicerces para as práticas pedagógicas. Desta forma, percebemos que a avaliação é uma ação fundamental para que o PP tenha sucesso em seus objetivos. Assim, a avaliação integra o processo de construção do projeto sendo essencial para o aprimoramento dos objetivos que se pretende alcançar. 
Com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros para a implementação de políticas públicas que aperfeiçoem a educação no país, identificando as instituições com maiores fragilidades no desempenho escolar, em 2007 o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) criou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), porém, o que percebemos é que os indicadores gerados estão sendo utilizados como referência para a promoção de diversas instituições de ensino gerando competitividade entre escolas, municípios e unidades da Federação. 
O Plano Nacional de Educação propõe uma articulação com o Sistema Nacional de Educação na elaboração de metas que visam o aperfeiçoamento educacional relacionando-se ao acesso, à universalização da alfabetização e à ampliação da escolaridade e das oportunidades educacionais. A meta 7 propõe: “fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio.” 
Porém, o marketing que as Instituições vêm utilizando sobre o IDEB está promovendo a medida do conhecimento dos educandos ao invés de analisarmos sua evolução e sua autonomia na construção de seu conhecimento.  
A Educação Básica não prepara o indivíduo para o Ensino Superior. O nível intelectual dos alunos que chegam à faculdade vem baixando a cada ano. Isso ocorre porque as instituições não estão preocupadas em desenvolver o educando de forma crítica para que ele possa atingir seu pleno desenvolvimento no Ensino Superior de forma reflexiva. O Ensino Médio não possui identidade e tornou-se refém do vestibular e do Enem. 
A avaliação da Educação Superior, usando indicadores como ferramentas de marketing, acabam por padronizar a ação dos professores, ignorando a particularidade de cada curso e tornando a ação docente cada vez mais engessada e mecânica. 
Desta forma, é possível concluir que para que as ações avaliativas sejam eficazes e contribuam para a construção de uma escola igualitária que leve em consideração a isonomia, há de se considerar que ela não pode ser um instrumento de medida de saber, mas um processo vinculado a todas as estratégias pedagógicas de uma instituição e os objetivos que nasceram de uma decisão coletiva de toda a comunidade escolar e que constam no Projeto Pedagógico de cada unidade de ensino. O uso de indicadores deve servir de parâmetro para a análise de estratégias que levem em conta a identidade escolar, o pluralismo de ideias, o currículo diversificado... enfim, os índices avaliativos da educação brasileira precisam manter o foco no diagnóstico das fragilidades de cada unidade de ensino para atingir uma educação que faça o indivíduo evoluir como pessoa, profissional, cidadão e sujeito histórico, utilizando ações coletivas que desenvolvam o potencial individual de cada aluno.  



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