segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Por que não topo mais rede social?

Nunca quis viver na penumbra, mas ultimamente isso tem sido necessário.



Faz algum tempo que não me sinto mais à vontade nas redes sociais e resolvi cair fora delas. Não foi um processo imediato, porque foi preciso romper com a rotina e o impulso de acordá-las junto comigo, mas enfim me sinto curada. De início, tentei manter um perfil fake para conseguir acompanhar os grupos que estão sempre me acrescentando. Aqueles que são usados para troca de informações e onde as pessoas compartilham o que têm de melhor, o conhecimento. Mas ultimamente até isso anda me estressando, porque tais grupos também estão precisando assumir uma postura de censura em seus conteúdos para preservar seu objetivo. Isso me fez refletir no tamanho do buraco que as pessoas andam carregando! 
Não é de hoje que os sorrisos plásticos das redes sociais me incomodam. Porque são esses sorrisos que roubam a cena e possuem um grande número de seguidores. Qualquer posicionamento um pouco mais pessimista é encarado como posicionamento político e isso tem sido um saco!
Encarar a realidade e esfregar as mazelas da sociedade em nossos narizes, nem sempre tem a ver com posicionamento político, pode ter simplesmente a ver com o sentimento de impotência que nos assola quando nos deparamos com as vidas mentirosas que assistimos todos os dias por nossas telas de celulares e computadores. 
Se documento sentimentos e ouso em fazer arte com as palavras, sou escritora não a dona da verdade, mas isso não é mais uma opção no mundo que estamos vivendo! Devemos todos ser detentores de uma verdade absoluta que se encaixa a qualquer vida e isso nos torna fracassados, porque trata-se de uma ideia impossível! Usamos o virtual como parâmetro da realidade e estamos tão ocupados conferindo nossas redes sociais que não percebemos o mundo a nossa volta. Aos mais sensíveis e ávidos por vidas verdadeiras, cabe sair de cena. E foi o que aconteceu comigo. 
Ando cansada demais para bancar todo o glamour que o virtual me cobra! Não sei medir palavras e pensar na melhor forma de dizer alguma coisa para que os outros não me entendam mal e nessa imaturidade social tive momentos em que desisti de falar. Mas não sou assim, não quero me calar e por isso decidi fazê-lo sempre ao vivo. Argumentos preconceituosos e conversas rasas não me calarão jamais, mas faço isso olhando nos olhos, balançando os braços e topando uma conversa de verdade, onde o corpo possa falar tanto quanto as palavras que a mim forem direcionadas. Não me contento mais com desabafos virtuais. Isso está nos despreparando para a vida e se eu tiver que ser despreparada em alguma coisa, que seja para essa vida de mentira que tantos ostentam. 
Não me envergonho em me assumir tão incapaz assim! Nossos filhos nasceram nesse mundo e infelizmente podem se acostumar, mas eu nasci em um onde, tudo bem esquecer a câmera em casa, tudo bem não ter internet no celular e tudo bem desaparecer por um tempo. 
Decidi abandonar uma vida para viver a minha e admito que não foi fácil fazer isso, porque eu já estava me acostumando. 
Perdemos os limites, amigos! Invadimos a vida do outro sem a menor cerimônia, afinal, estamos todos abrindo a porta de nossas casas para as fotos perfeitas do Instagram. Fotografamos nossa comida e esperamos pelas curtidas para saber se valeu a pena passar todo aquele tempo cozinhando e que se dane o sabor e o prazer de sentarmos à mesa entre pessoas que amamos. Tudo isso construiu um exército de pessoas distraídas que valorizam muito mais a imagem do que o que ela realmente representa. Por isso, eu fujo, amigos! Fujo dessa vida de mentira, porque sei o quanto a vida de verdade é interessante! Fujo das amizades que trocam likes, porque percebi que preciso de amizades que troquem sorrisos, abraços e carinhos sinceros. Fujo da vida atribulada das redes sociais, para ter tempo de viver o ócio, de ouvir meus pensamentos e avaliar o que eu realmente sinto sem que precise da aprovação de ninguém. 
Não sei como vai ser levar uma vida dessa maneira, não sei se isso ainda é possível! Mas sei que preciso ao menos tentar. 
Cansei de ver as pessoas gritando suas responsabilidades e lamentando o quanto sua vida é corrida e difícil, quando na realidade não sabem enfrentar desafios. Cansei de contar com aqueles que dizem que fazem e que podem, mas que depois fogem de suas responsabilidades e não percebem o quanto isso atrapalha os demais. O que vejo a minha volta é um amontoado de pessoas que se dizem espertas demais, mas que não possuem mais nada! Não têm alma, não têm coragem e nem vontade de viver a vida de verdade, por isso, se escondem em perfis militantes, em vozes doces e palavras poéticas para disfarçar o buraco existencial que aumenta a cada dia. 
Foi difícil demais crescer para interromper esse crescimento em minha vida adulta. A vida virtual se não nos paralisa, acaba por nos diminuir, a tal ponto que, deixamos de existir para ficarmos apenas online!
Tô fora!

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