Pit Larah, futura pedagoga, autora dos livros Tribo do Amor (2014), Adorável Caos (2015), A Voz da Minha Alma (2015) e O Mundo de Micaela (2015). Leitora inquieta, aprendi que se olharmos um corpo nu, ainda não estaremos vendo uma pessoa verdadeiramente despida. Mas se olharmos sua silhueta esculpida em um mármore, ou se ela estiver pintada em um quadro, ou ainda, se for habitante de um livro, aí sim veremos sua alma sem nenhuma roupa. Porque tudo isso é arte! A arte tem a função de nos mostrar o que não podemos ver apenas com os olhos. As sensações criadas pela arte nos fazem mergulhar profundamente no mundo do outro e quando enxergamos algo que nos toca é porque encontramos nele um pedaço nosso que não havíamos notado. A literatura para mim é isso, é uma forma de me enxergar no mundo e de traduzi-lo. Enquanto leio, vejo tantas de mim retratadas por quem nem sabe de minha existência. Enquanto escrevo, traduzo sensações e saliento mundos imperceptíveis aos olhos daqueles que ainda não aprenderam a lê-lo. No entanto, não me atrevo a usar da verdade. A literatura é arte. A verdade estimula os olhos, o toque... A ficção não, a ficção estimula a mente, criando pontes entre o possível e o impossível, nos mostrando o que a verdade, crua demais, ainda não tinha conseguido nos mostrar. Com isso, peço emprestadas as palavras de Vladimir Nabokov para vos dizer, queridos amigos: “A literatura não nasceu no dia em que um menino chegou correndo e gritando “lobo, lobo”, vindo de um vale neandertal com um grande lobo cinzento em seus calcanhares: a literatura nasceu no dia em que um menino chegou gritando “lobo, lobo”, e não havia nenhum lobo atrás dele.”