terça-feira, 8 de novembro de 2016

Conhecendo Descartes para bem conduzir a razão.

Olá, pessoas!
Hoje vamos falar da obra "O Discurso do Método" de René Descartes.
Considerado o fundador da filosofia moderna, Descartes influenciou profundamente os estudos posteriores dedicados à epistemologia, ciências naturais, matemática e filosofia.
Vem conhecer um pouco sobre seu método através de um resumo que fiz e divido com vocês.




René Descartes viveu entre 1596 e 1650. Nascido em La Haye, próximo a Paris, concluiu seu curso de Direito em 1616, mas não exerceu a profissão. Serviu ao exército e viajou por toda Europa Central. Decidiu morar na Holanda e lá dedicou-se aos seus escritos filosóficos por 20 anos.
Considerado o fundador da filosofia moderna, Descartes influenciou profundamente os estudos posteriores dedicados à epistemologia, ciências naturais, matemática e filosofia. 
“O Discurso do Método” foi publicado anonimamente em 1637 inaugurando o racionalismo. Dividido em 6 partes, a primeira trata das considerações sobre a ciência, onde o autor explica a intenção do desenvolvimento de um método que visa conduzir a razão a partir de algumas regras que possibilitam desenvolver gradualmente o conhecimento. Valorizava a leitura de livros antigos, o estudo de línguas e viagens, além de apreciar a poesia, porém gostava ainda mais da matemática por seus fundamentos sólidos. 
Descartes decidiu viajar para buscar a ciência nele mesmo e no “livro do mundo”, refletindo sobre como algumas coisas que eram estranhas a ele não eram tão estranhas a outros povos, o que o fez perceber que precisava livrar-se de todo o conhecimento que adquiriu através dos costumes e dos exemplos que observava para conseguir ouvir a razão. E após estudar o “livro do mundo”, o autor decide estudar a si mesmo para conseguir escolher os caminhos que deveria seguir usando a força de seu espírito para isso. 
Na segunda parte, Descartes nos apresenta as regras do método, aperfeiçoadas por vários pensadores até chegar ao que venha a ser o que conhecemos hoje como Ceticismo Metodológico em que consiste em 4 regras básicas: Verificar, Analisar, Sintetizar e enumerar. Baseando-se na matemática, onde ele observa ter leis boas, porém, que aparentam não ter utilidade, ou ainda, força demais a imaginação atrapalhando o intelecto ao invés de cultivá-lo, o autor estabeleceu 4 preceitos: 
Jamais aceitar algo como verdadeiro;
Dividir cada dificuldade em quantas partes forem possíveis ou necessárias;
Resolver primeiramente os objetos mais simples e fáceis e aos poucos ir para os mais complexos;
Fazer revisões completas que nos assegure de não omitir nada. 
Seus estudos contribuíram para o desenvolvimento do Método Cartesiano e para a geometria analítica. 
Descartes compara a evolução da ciência à evolução de uma cidade que, tendo edifícios construídos por vários arquitetos acaba por ficar desproporcional, ou às leis de um Estado que por mais estranhas que possam parecer, acabam funcionando bem quando feitas por apenas uma pessoa. Ou seja, o autor considera que um grande empecilho para a ciência é que ela é composta por opiniões de pessoas diferentes e se pudéssemos desenvolver nosso próprio conhecimento através da nossa própria razão, ainda quando criança, sem as intervenções e conselhos dos que nos cercam, poderíamos conduzir nossa razão de forma completa e assim, progredir muito mais na ciência. 
Para o autor, o mundo é dividido por dois tipos de espírito: Os que nunca duvidam de sua capacidade e, assim, pela falta de paciência, acabam por estabelecer juízos precipitados por não conseguirem conduzir seus pensamentos. E os que por se considerarem menos capazes de distinguir o verdadeiro do falso, se contentam com as opiniões dos outros. Descartes considera que estaria no segundo grupo de homens que ele pontuou, caso não tivesse conduzido seus pensamentos através da filosofia e se não tivesse viajado e conhecido diversos povos acumulando diversas culturas. Diante disso, ele se vê obrigado a se conduzir sozinho. 
Para tanto, esses princípios foram estabelecidos baseando-se na filosofia, livrando-se das más opiniões e acumulando experiências. 
Na terceira parte, o filósofo apresenta 3 regras morais que ele precisou estabelecer para si provisoriamente para desenvolver o método:
Obedecer às leis e costumes de seu país e de sua religião, pois, colocando suas próprias opiniões em exame, pelo menos se sentiria mais seguro seguindo a opinião dos mais sensatos, observando o que faziam e o que diziam.
Ser firme e decido perante suas ações como os viajantes perdidos nas florestas que optam por um caminho reto para não ficarem girando no mesmo lugar.
Vencer e procurar mudar antes seus desejos do que a ordem do mundo, acostumando-se com o fato de que nada, além dos nossos pensamentos, está em nosso poder. E ainda, que o indivíduo tende a desejar aquilo que é possível e tendo feito o máximo que pode para as coisas exteriores, o que lhe falta para ser bem-sucedido é considerado impossível, pois, tendo Deus dado a razão para os homens alcançarem todo o conhecimento que eles são capazes, é preciso ficar contente pelos bens e virtudes que forem alcançados, porque eles terão feito o melhor que puderam. 
Para desfazer-se de suas próprias opiniões, René Descartes decide passar nove anos viajando observando o mundo, as pessoas e suas culturas e refletindo sobre suas próprias concepção livrando-se dos erros absorvidos por seu espírito, descobrindo a falsidade e a incerteza das coisas que examinava através de raciocínios seguros. 
Assim, destruindo as opiniões mal fundamentadas, o autor fazia diversas observações adquirindo experiências que serviam de base para estabelecer outras opiniões mais certas. 
Após esse acúmulo de experiências, Descartes decide afastar-se de tudo para se dedicar aos seus escritos. 
Na quarta parte, o autor nos revela os fundamentos de sua metafísica e nos apresenta as razões que, ao seu ver, provam a existência de Deus e da alma. Sua frase “Penso, logo sou!” trata-se do primeiro princípio de sua filosofia, onde ele encontra sentido no conceito de alma que existe como uma substância pensante que independe do corpo material. 
E ainda que, se os homens podem ter conhecimento verdadeiro sobre a matemática, por exemplo, poderiam saber sobre todos os mistérios do céu, da terra, da luz, do calor e etc... E se não sabem, é porque não possuem razão o suficiente para isso, ou seja, são imperfeitos. Mas tendo razão o suficiente para terem conhecimento sobre outras coisas, cabe a acreditar que existe um ser perfeito que sabe sobre tudo e que colocou o conhecimento limitado na natureza dos homens e esse ser só poderia ser Deus.  
“(...) de modo que se eu tivesse recebido de mim mesmo todo este pouco que eu participava do ser perfeito, pela mesma razão, tudo o mais que sabia faltar-me, e assim ser eu mesmo infinito, eterno, imutável, onisciente, onipotente e, enfim, ter todas as perfeições que podia notar haver em Deus.”
Para justificar sua opinião sobre o ceticismo dos sentidos, seus escritos propõem uma reflexão acerca dos sonhos, onde o leitor é levado a pensar nos sonhos mais vívidos. E como podemos ter certeza de que estes sonhos vívidos não se tratam exatamente da realidade e a realidade que pensamos não são sonhos? 
Já na quinta parte, o filósofo nos apresenta suas investigações acerca da física, da medicina e da diferença entre nossa alma e a dos animais através da observação de algumas leis que Deus estabeleceu na natureza onde ele tenha impresso as noções de alma que, segundo Descartes, após refletirmos bastante sobre essa noção, não há como coloca-la em dúvida, pois é possível encontra-la em tudo o que é ou se faz no mundo. 
Sobre a luz, o autor afirma que procede do sol e das estrelas fixas, enquanto os céus a transmitem e os planetas, os cometas e a Terra a fazem refletir. E ainda, que as leis da natureza, sendo criadas por Deus, agem com perfeição para se organizar tendo sua origem no caos.
Para Descartes, a matéria é caracterizada como extensão em movimento, já que quando olhamos para os objetos materiais nós não conhecemos de modo claro nada além de forma, tamanho e movimento. Assim também é o corpo humano, que sendo formado de matéria física possui as mesmas propriedades de qualquer matéria. Sendo que, os movimentos existem por causa dos fluxos sanguíneos, ou seja, para Descartes, o batimento cardíaco (assim como os movimentos dos membros e de todos os órgãos) são consequências do movimento do sangue, e não o contrário. Eis uma fragilidade de seus estudos, mas que contribuiu para a medicina e para a Teoria do Ato Reflexivo, onde estímulos externos resultam em movimentos corporais involuntários. 
Se o fluxo sanguíneo é responsável pelos movimentos, nada além da alma (substância que nos faz pensantes), pode ser o que difere os seres humanos das máquinas (robôs) e dos animais. Já que os robôs podem se movimentar (de acordo com a época de seus estudos) através de dutos de água que encharcam suas partes e a fazem se movimentar, enquanto os animais também possuem fluxo sanguíneo. Mas o ser humano sendo dual, possui dois meios que constatam sua humanidade: Só os homens podem usar signos e palavras para expressarem seus pensamentos e embora as máquinas e os animais possam fazer muitas coisas tão bem ou melhores do que nós, em outras fracassariam e logo descobriríamos que não agiam por conhecimentos, mas apenas pela disposição de seus órgãos.
Assim, a alma precisa se unir ao corpo para estabelecer sentimentos e apetites semelhantes e compor um homem de verdade, porém, a alma possui uma natureza completamente independente do corpo e não está sujeita a morrer com ele e como não sabemos de nada que a destrua, o autor conclui que ela é imortal. 
Na sexta parte, Descartes nos apresenta as razões que o fizeram escrever. Seu objetivo principal, resumidamente, seria, através de argumentos filosóficos, disponibilizar meios para o avanço da humanidade para que todos possam utilizar seus escritos para alcançar todas as formas de conhecimento (de si e do mundo a sua volta).

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